quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resenha

Resenha do Kerouac, escrita por  Renato Lebeau. Publicada no site Impulso HQ.

A narrativa rápida, cortes de cenas que você não espera, contrastes duros com a marcação do preto chapado, e a sensação de sem destino são os elementos que caracterizam o álbum Kerouac, de João Pinheiro. Pudera, essa é uma HQ sobre o nome mais significativo da geração Beat.
Publicada pela Devir Livraria, a obra é um relato da vida de Jack Kerouac, escritor norte-americano que ficou conhecido com o livro “On the road”. Seus escritos influenciaram toda uma geração, e a sua imagem e o seu modo que viveu ainda é modelo para quem segue a filosofia “estou louco para viver”.
Como toda obra que se foca em um personagem histórico bem específico e peculiar, Kerouac pode não agradar aos não entendidos do Beat, isso porque o autor levou para as suas páginas o que poder ser considerada uma tradução gráfica desse movimento, com momentos de altas e baixas emoções.
Para quem admira a vida de Kerouac ver as cenas melancólicas, suas caminhadas solitárias em meio a tempestades sendo cortas por cenas eletrizantes com carros em alta velocidade, pode ser gratificante reconhecer que seu ídolo foi representado da maneira que era. Para os que não são familiarizados, isso inicialmente pode confundir a leitura.
Quem desconhece totalmente os beats, uma boa dica é conferir com atenção o prefácio de Cláudio Willer. Ele dá as orientações e referências necessárias para um bom entendimento da narrativa, inclusive os motivos de uma sequência de ação não linear.
Entendendo o contexto e absorvendo as referências necessárias, o leitor vai perceber como João Pinheiro construiu uma “HQ Beat”. Seu traço não são linhas bem definidas, as hachuras são utilizadas para dar volume e ao mesmo tempo “sujar” a arte, muitos quadros com a ausência de cenário, com a utilização do preto chapado, nos fazem perder a noção de espaço e tempo, e até a inconsistência de se definir o personagem graficamente, são passíveis de se visualizar com essa interpretação.
Se Kerouac escreveu a sua principal obra em três semanas, de uma vez só, parece que João Pinheiro estava nesse mesmo clima, o que justifica algumas páginas que nos dão a impressão de menos trabalhadas ou elaboradas. Em contrapartida, outros momentos, o autor consegue transmitir toda a emoção necessária, fazendo o leitor perder o fôlego, como o caso da página 44, que é uma referência a uma foto de Jack Kerouac. Expressão na dose certa.
O álbum da Devir é uma obra para iniciados em Kerouac e na geração Beat, mas isso não significa que ele não seja bom, pelo contrário, pela sua proposta ele atinge perfeitamente as expectativas, o que significa que muitos leitores vão ficar satisfeitos com a leitura.
Para finalizar, não deixem de conferir o blog Visões de Jack Kerouac, onde João Pinheiro explica mais sobre a construção do álbum com making off, trailer e prévias das páginas.

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"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

Jack Kerouac.

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